sexta-feira, 4 de julho de 2008

Balanços em contra balanço












Ando com uma dificuldade séria em reconhecer-me. Olho-me ao espelho e vejo que o corpo, ao contrário do que acontece com a maioria das mulheres, não está a sofrer com o peso da idade. Sim, ainda não cheguei aos trintas, mas tenho beneficiado de uma óptima genética que me permite caminhar na praia, com bikinis reduzidos e ainda levar uma carrada de piropos diários. Sim, sabe bem.

Do que falo não é disto, da provável desadequação das carnes à idade, mas sim de mim enquanto ser pensante, ser emocional, ser social. Não sei como explicar, porque tudo aconteceu demasiado rápido. De repente acordei e não era mais igual ao que fui. Não sei onde larguei essa parte de mim, não sei onde estou, se é que ainda estou em algum lado.

O estranho, é que aquilo de que falo, era algo que eu não gostava. era a fonte do disparar de coração, de caminhar pelos corredores da casa que nem animal acossado à procura da porta da jaula.

Onde anda esse animal? Estará vivo? Morreu enquanto eu dormia? Fui eu que o matei ou foi vítima de algum tiro a queima roupa... Misericordioso, talvez.

Porque o procuro? Não me faz falta, eu acho... Ou será que faz? Será que não me reconheço dentro deste corpo que não mais tem anseios desgovernados?

Hoje dei por mim a pensar que tenho medo, muito medo, de me ter tornado uma pessoa "amotiva"... Não seria mais eu, aquela que devora a vida com todos os seus sentidos.

Sem comentários: