quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

B for C

Às vezes acho que gosto de ti.

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

Jogo de júniores

Passa o tempo a barrar as unhas com um creme que as regenera e fortalece. Creme de supermercado que o tempo não está para extravagâncias e a gente sabe que, por vezes, os ditos são tão bons quanto os de farmácia ou de perfumaria. Passa o tempo assim. De vez em quando olha para trás e vislumbra da janela as copas de umas seis ou sete árvores e algumas paredes amarelecidas pelo tempo e pelo profundo mau gosto de quem escolheu aquela cor. Sol nunca vê. Só luminosidade, porque os raios estão confinados à parte da frente do edifício, parte essa a que ela só tem acesso de vez em quando. É assim todos os dias. Sobe as escadas de madeira envelhecida, uma a uma, sem pressa, coloca a chave na fechadura e no momento em que dá o primeiro passo para dentro da porta, só quer fugir dali, virar costas e ir correr o mundo. É isso que ela quer.

Percebeu tarde quais eram as suas maiores motivações profissionais: arte e solidariedade. Tarde porque deveria ter ganho asas mais cedo e agora está enfiada no circulo ridiculamente pegajoso dos edifícios velhos repletos de gente velha por fora, muito mais por dentro, mentes asfixiantes, pequenas. Edíficios repletos do nada que ela conhece e do qual quis fugir toda a vida. E a vida ensinou-lhe isso, que há desejos e anseios que se deve ter nos tempos certos ou então constrói-se o destino tendo por limite as escadarias que as pernas sobem diariamente, enquanto o cérebro anseia por voltar atrás e construir tudo de forma diferente.

Falta-lhe o ar. Falta-lhe o ar. Falta-lhe o ar. Está sem braços para subir, mesmo que esteja à tona, mas a tona não é suficiente. Não é. Não é a tona que ela quer e, por isso, a tona é igual ao fundo, negro, sem espaço, sem saída.

Voa.