segunda-feira, 14 de julho de 2008

O mundo está todo ao contrário

E, às vezes, bastam 30 segundos para deitar por terra esforços de meses.

domingo, 6 de julho de 2008


Uma noite, cansada de todos os clichés habituais, cansada de procurar, lidar, comer, viver o belo, ela disse: "Quero conhecer o homem mais feio da festa!"

E procurou e encontrou. E beijou-o, como se beijasse o mais bonito. E olhava-o e não o vía, tal qual olhara muitos outros, mas não os reconheceria.

Depois dessa noite, nunca mais falou com ele. Sabe quem é, apenas porque guardou fragmentos desses momentos, no canto da memória em que guarda a surrealidade da sua realidade. Apenas por isso.


(...)


Olha para a sua frente e lê o nome impresso no cartão pessoal que está posicionado em equilibrio entre o tampo da secretária e o monitor do computador. O nome. O nome. Não gosta do nome. São duas palavras que, para ela, não combinam. Nunca daria aquele nome a um filho e, certamente, usaria um tom jocozo para o dizer, caso não pertencesse àquela pessoa. Na verdade, o que importa é a pessoa, ela sabe-o. Só não sabe ainda o quanto importa neste mês de Julho de 2008, em que um ano passou sobre o que aconteceu e mil vidas se sucederam. Ela procura esse passado nos olhos cor de mar. Procura e não encontra, mesmo que agora a proximidade seja muito maior do que era há 365 dias atrás.

Procura naqueles olhos, apenas porque não encontra aquilo que queria achar em outros.


(...)


Vamos dar uma volta ao mundo? Ou vamos juntos construir uma vida melhor, a nossa vida. E dar-nos a outros que não têm ninguém.
Eu queria.



sexta-feira, 4 de julho de 2008

Balanços em contra balanço












Ando com uma dificuldade séria em reconhecer-me. Olho-me ao espelho e vejo que o corpo, ao contrário do que acontece com a maioria das mulheres, não está a sofrer com o peso da idade. Sim, ainda não cheguei aos trintas, mas tenho beneficiado de uma óptima genética que me permite caminhar na praia, com bikinis reduzidos e ainda levar uma carrada de piropos diários. Sim, sabe bem.

Do que falo não é disto, da provável desadequação das carnes à idade, mas sim de mim enquanto ser pensante, ser emocional, ser social. Não sei como explicar, porque tudo aconteceu demasiado rápido. De repente acordei e não era mais igual ao que fui. Não sei onde larguei essa parte de mim, não sei onde estou, se é que ainda estou em algum lado.

O estranho, é que aquilo de que falo, era algo que eu não gostava. era a fonte do disparar de coração, de caminhar pelos corredores da casa que nem animal acossado à procura da porta da jaula.

Onde anda esse animal? Estará vivo? Morreu enquanto eu dormia? Fui eu que o matei ou foi vítima de algum tiro a queima roupa... Misericordioso, talvez.

Porque o procuro? Não me faz falta, eu acho... Ou será que faz? Será que não me reconheço dentro deste corpo que não mais tem anseios desgovernados?

Hoje dei por mim a pensar que tenho medo, muito medo, de me ter tornado uma pessoa "amotiva"... Não seria mais eu, aquela que devora a vida com todos os seus sentidos.

quarta-feira, 2 de julho de 2008

O mais perto que estive, foi isto.


E o mais longe que estou, é o meu agora.

terça-feira, 1 de julho de 2008

N de "n" coisas e sempre de mais algumas

Dores de cabeça, dores de cabeça. Dizem que são provocadas, de entre outras coisas, pelo stress. E stress tem sido, como dizem nos filmes americanos, o meu midle name...

Mudanças que rolam como cabeças. Lembro-me sempre daquele filme que não é bom mas também não é mau e que só capta a tua atenção porque te empurra para verdades e para coisas pequenas. No filme, os maus (seriam mesmo os maus, ou seriam o reflexo de todos nós? E nós somos o quê?) decapitavam os bons (?) para oferecerem os seus corpos e almas aos Deuses de forma a receberem chuvas em troca das oferendas e, depois, sadicamente, jogavam as cabeças pelas escadarias abaixo.
E as mudanças são assim. Cabeças decapitadas sem qualquer pudor, pontapeadas por escadarias, pum, poc, pum, poc, saltam, saltam, sem embater em lugar certo e alcançam velocidade e saltam, poc, até que chegam ao final da escada e se imobilizam aos pés do novo destino.

E a cabeça dói. Será do excesso de sol? Stress, certamente. Também podem ser as alergias, essas malvadas que nunca me vão largar, disse o médico.


Mudanças.

Na cabeça.

No corpo.

Eu queria. Tu mudaste?
Não, tu nunca mudas. A única coisa que muda é a minha visão de ti, porque é sempre enevoada pela realidade que constróis consoante a tua vontade. É como dias de nevoeiro, nunca te oferecem a mesma paisagem. E nunca te oferecem certezas. Só fumaça.
Fumaça.


Não é solidão e muito menos medo do tempo. Não é carência. Não sei o que é, mas sei o que não é e não é nada do que conheci até agora. Talves nem já o queira, porque nós só queremos aquilo que conhecemos e, como acabei de te dizer, eu não sei o q é. Há muito tempo que não sei o que é. Talvez seja pirraça, teimosia, mimice aguda. Talvez seja isso, mas eu sei que não é. É o que eu vou inventando que seja, só para completar o irreal. Para o tornar palpável. Porque houve dias em que o foi. Ou não houve?

Há ossos dizem. Ossos salientes. Eu também sei que os há, porque já os vi e nunca os tinha visto. Acreditas que até dizia horrores de quem os tinha, assim, tão à mostra? Sim, porque ossos desses são para estarem cobertos por pele e nunca para se poderem contar mentalmente quando os vemos e o olhar se direcciona apenas para aquele campo e transforma o cérebro em números gigantes: 1, 2, 3....
4???


O Chico canta A noiva do cowboy era você além das outras três (...) Era o bedel e era também juiz e pela minha lei a gente era obrigado a ser feliz. E você era a princesa que eu fiz coroar e era tão linda de se admirar, que andava nua pelo meu país

João e Maria - Chico Buarque

Agora era fatal
Que o faz-de-conta terminasse assim
Pra lá deste quintal
Era uma noite que não tem mais fim
Pois você sumiu no mundo sem me avisar
E agora eu era um louco a perguntar
O que é que a vida vai fazer de mim?

Mais um do mesmo.