domingo, 28 de dezembro de 2008

Verbo ir porque vamos.


Este blog sou eu. Sou, fui, eu em 2008. Fui, não sei se o sou, se no final da vida, quando estiver deitadinha na minha cama à espera que os olhos se fechem, irei olhar para trás e irei lembrar-me destes dias. Por isso digo deste verbo em que escrevo, que não sei qual o tempo em que o devo conjugar.
Este blog também podes ser tu. Tu e mais três ou quatro pessoas, mas muito mais tu. Foram tuas as longuíssimas horas que passei contigo, mesmo que não te visse. Foram teus os minutos que dediquei a escrever-te. Foram tão tuas as minhas palavras. E é todo teu o meu sentir.
Foste o meu 2008. Foste o primeiro. És, ainda o és.

Leio menos agora. Menos tempo. Menos tempo. E quando leio, leio-te também. Mesmo que te fuja, são demasiadas as vezes em que me apareces no virar de uma página e as analogias se façam dentro da minha cabeça. Mesmo que não as queira, mesmo que fuja delas. Foi por isso que deixei de ler durante uns tempos. Por isso e porque, por vezes, acho que já li tanto que já quase nada de novo vem. Talvez seja de mim. Talvez seja de mim. Pretensão achar que não há letras novas. Claro que as há. Os olhos estão é fechados. Estão sim, para quase tudo.

A imaginação sempre foi o teu limite. Ofereceste-me essa prenda no dia em que nos vimos. Ofereceste-ma talvez porque seja a única forma que sabes viver, viver comigo, nunca com os outros. Complicaste-me os sentidos, baralhaste-os, aniquilaste funções. E deste-me o melhor de tudo para depois me engolires.

Um dia disse-te que tinha acabado por entender tudo. E que tinha aceite o meu destino. Que procuraria, a partir de então, o que deveria ter por inerência, em outros lugares quaisquer. Tu serias o meu primeiro porto. Sabias disso desde o primeiro minuto.

Não sabia que se podia dar dias a alguém. Assim, dados, sem serem pedidos, pelo menos expressamente pedidos. Não sabia que se podia dar tantos dias a alguém. Tantos e ficar com tão poucos para outros. E ainda que os houve dados a outros, nunca foram deles, nem meus. Continuaram sempre a ser teus. Sempre. E sempre é uma palavra demasiado comprida e importante. É aquela que é sempre a última a ser dita. Tal e qual último. Tal e qual primeiro. Tal e qual nós. Tal e qual nós éramos.

Hoje li sobre o dia em que alguém se aprcebeu da fealdade do mundo. Quanto a mim, não sei quando isso aconteceu, mas sei que foi cedo. Sei que vivia num mundo aparte, dentro de uma bolha transparente e um dia a bolha plim, foi-se. E percebi que os meninos nem sempre querem brincar, que os brinquedos não são de todos, que o rabo serve para açoites e que os cintos servem para mais alguma coisa do que para prender roupa. E percebi que as janelas não eram apenas quadrados para o mundo lá de fora e que a solidão quando estamos rodeados de gente, é muito mais penosa. E aprendi a viver com tudo isso. Tenho aprendido. Mesmo que não goste de o fazer sozinha e que tu desempenhes melhor do que ninguém, o papel de companheiro de jornada. Porque ninguém entende que eu te amo como te amo, porque és, acima de tudo, o meu maior e melhor amigo. Mesmo que tenhas estado tão longe neste ano que foi teu. Mesmo assim. És tu que me olhas nos olhos e sabes quem sou e que me cheiras à distância, quando ainda vou a conduzir na marginal.

Contigo abri um ano, é por ti que o fecho.

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