quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

Despejar sentimentos, não é coisa que eu faça impunemente.

Há gelo lá fora. Muito mais acima, no Norte, nas Terras Altas, onde os que caminham na rua são muito mais fortes do que eu. São aqueles que caminham passo a passo, sem solfagem nem ar condicionado, que calçam 3 pares de meias, 2 camisolas interiores por baixo de não sei quantas camisolas e casacos. Eu não, eu sou uma menina de Lisboa, habituada a andar com o rabo sentado no belo estofo do seu carro, habituada a camisolinhas de malha fina e calças de ganga que tão bem modelam as pernas. Camisolas interiores não sei o que são há vinte anos. São quentes, mas desadequadas. Agora compra-se aqueles "básicos" na Zara, Mango, Massimo Dutti e outros espanhóis que tais e está feito. Qual termoteb qual quê.

Há gelo lá fora. E aqui dentro também. A minha racionalidade, de vez em qdo, parece-me assemelhar-se a blocos duros, quadrados e inalteráveis. Aqueles que estão acondicionados em couvettes e têm uma função própria, diferente da habitual. Aqueles que servem para ajudar a curar feridas e traumas dos meninos que esfolam joelhos, batem com as testas em esquinas alheias ou apanham uma estalada mais forte do coleguinha do lado. O meu gelo é desses, desses com funções terapeuticas. O meu gelo anda a fazer-me lindamente, a absorver o trauma e a calá-lo. O meu gelo faz-me jogar para trás das costas e respirar calmamente. E o meu gelo há-de guiar-me ao esquecimento, porque é nesse gelo que enterro todos os que por aqui passaram.

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