segunda-feira, 14 de abril de 2008

Bizarro


Eu era completamente apaixonada por ti. Coooooommmpletamente. Paixãozona daquela muito boa, sem problemas de maior, sem expectativas, sem final à vista, sem preocupações com o futuro. Paixão, apenas. A sonhar com sonhos que a paixão nos trás, a rir com o riso tonto que me deste, a deixar o coração a mil entre cada beijo.


Acho que acabou sem misericórdia. Acho que a acabaste, sem qualquer pudor, pumm, decapitada, cabeça rolou pelo chão e ficou ainda não sei muito bem onde, olho em volta e não a vejo... Será que ainda permanece agarrada ao pescoço, presa por algum nervo ou tendão mais teimoso? Será que ainda dá para colar ou cerzir e faz-se vida de novo? Ou será que lhe deste um toque discreto com a biqueira do teu sapato, toc toc para debaixo da mesa, assobio a disfarçar e cabeça erguida como quem não sabe nada, não viu nada, não ouviu nada... Fffiiiiiiiiii ffffiiiiiiiiiii lalalalaaaa.....


Há faltas que nos fazem, mesmo sem sequer terem pés, nem mãos, nem tronco, muito menos vontade de andarem. Andarem assim. Andarem. O verbo ir, hoje é verbo ser e conjuga-se no pretérito imperfeito: nós, já eramos.


E a falta que me faz o tu que eu imaginei.

5 comentários:

Psiquiatra Angustiado disse...

É um belo texto, Bah, mas não sendo bizarra é pelo menos estranha a aparente contradição que se revela entre a forma como mergulhas no texto "Eu era completamente apaixonada" e a forma como dele emerges "E a falta que me faz o tu que eu imaginei".

Se por um lado dizes que "eras" (não explicitando se "foste" ou se ainda "és"), por outro exprimes a falta que te "faz", não se percebendo se eventualmente desejarias dizer "fez".

Explica lá isso, para ver se eu percebo!

(Como se eu fosse muito burro, que burro já sou! E perdoa-me o comentário bizarro!)

Psiquiatra Angustiado disse...

Quase esclarecido, embora não convencido. Terei de reler a prosa para me inteirar das minudências.

Quanto aos comentários e às respostas aos ditos, costumam ser deixados no sítio onde nasceram, como adubo para cogumelos. Depois alguém há-de colhê-los e deles fazer bom proveito.

Mas não me incomoda que a resposta tenha sido dada em minha casa, é apenas uma questão de lógica e continuidade, para que quem por aqui passe e aqui nos leia entenda o contexto, apreenda as razões apresentadas, e participe da discussão se assim se sentir tentado.

Bah disse...

Muito bem, Psiquiatra Angustiado.
Já agora, faz parte das regras dos blogs perguntar-se a profissão dos interlocutores?

Psiquiatra Angustiado disse...
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
Bah disse...
Este comentário foi removido pelo autor.