domingo, 30 de março de 2008

Elas e o sexo (ou a falta dele)


Quase a terminar o fim de semana, vem-me à cabeça um pensamento que já se tornou certeza há vários anos: "Há poucas coisas que animem uma mulher, como uma boa noite de sexo".

Isto porque, uma amiga me confessa estar de péssimo humor e sei que a vida sexual dela é, há mais de 6 meses, igual ao deserto do Sahara... Um deserto!
Ou porque a outra tem ataques de mau feitio e sei que não vê homem há mais de, sei lá, quanto tempo... Ou porque, quando amanhã chegar ao trabalho e alguma das colegas estiver com um sorriso mais rasgado em oposição às carantonhas que normalmente exibem, virá na certa conversa em que "ontem ele não me deixou dormir, eheheh..." E, meus amigos, estas insónias, em gente que já leva mais de 20 anos de casamento, é motivo para champagne e reunião geral de trabalhadores para se divulgar tamanho evento. Believe me!!!
Também posso dar o exemplo da outra que era tão ansiosa, mas que virava miss relaxada quando algum macho com pegada forte a fazia lembrar para que é que línguas, mãos, pipis e pilinhas servem, quando não estão em repouso absoluto ou a ser utilizados nas suas funções menos excitantes. No dia seguinte era vê-la de voz melada, lenta, sorriso de orelha a orelha e olhinhos de carneiro mal morto, toda delico-doce com o Mundo e seus arredores.

Efectivamente, o sexo é o elixir da vida! É o elixir da jovialidade, das peles sem rugas e brilhantes. Do riso proveniente do nada, a não ser das belas recordações que alguém nos ajudou a construir. Da perda mais saborosa de gramas ou quilos, consoante o desempenho dos artistas...
Da simpatia e extrema compreensão pelos problemas da vizinha de cima e do aborrecedor colega de sala.

Acredito que as mulheres devem sempre ter um ou mais amigos para situações em que o amor não seja situação presente, em que não se tem namorado, marido ou coisa parecida. Sou apologista da prateleira, de os arrumar muito direitinhos e ir buscá-los quando precisamos. E sou apologista que deve ser sempre mais do que um, porque devemos inovar e renovar sempre que podemos. E em matéria de sexo, pode-se quase tudo, basta ter a desinibição, a vontade e a cabeça aberta para contornar preconceitos idiotas que algemam as mulheres a realidades impostas por homens.

Muito importante será saber que a prateleira nunca deverá ser composta por parceiros que tenham nota medíocre ou negativa no desempenho! Nuuuunca!!! Os nossos amigos emprateleirados, devem ser excelentes amantes, senão, para quê mantê-los? A sua função estrita é proporcionar prazer, assim sendo, uma mulher não deverá continuar com um pouco eficaz, se este não tem capacidade para a fazer feliz naqueles momentos em que os dois corpos entram em fusão total. É que o sexo, no meu entender, deve apenas ser praticado com pessoas que conseguem dar e receber da forma que queremos dar e receber. Nunca mais ou nunca menos. O equilíbrio deve ser total. Nunca deve ser vulgarizado, desprezado e tratado como uma coisa mecânica, porque é de nós que se trata. Do nosso corpo, da nossa pele, da nossa língua, da nossa vagina, das nossas pernas, dos nosso cabelos, dos nossos fluídos. E dos de alguém em quem tocamos, entramos, saímos e ficamos. Nem que seja por 1 minuto apenas.

Quando não há amor, há tudo o que resta.

3 comentários:

Anónimo disse...

... mui bien! Nós e o sexo... e eles e o nosso sexo!... O "equilíbrio", leva-me à ideia que as pessoas precisam de estar em sintonia!... e só aí... minha amiga, é que podes falar de fusão! E, essa minha amiga... pode até nem ser conhecida num casamento de 20 anos, num acaso qualquer, ou pior durante uma vida inteira! Passem seis ou dez anos, o importante é já ter passado por nós algo sublime, ainda que efémero! beijo, e viva a nós, e o resto que...

Psiquiatra Angustiado disse...

Mas quando a amiga não consegue ela própria dar conta do recado, o mais natural é que o homem não se deixe emprateleirar e parta à procura de novas estantes, de madeiras mais nobres, de design mais inventivos. Já chega de mobiliário de Paços de Ferreira, anacrónico, ou de peças do IKEA, demasiado artificiais.

Psiquiatra Angustiado disse...

Concordo em geral com o que aqui se escreve, as pessoas (mulheres e homens) têm todo o direito a procurar e construir a sua felicidade, passe ela pelo sexo ou pela cidade.

Mas esta teoria enferma de uma falha que não está explicada e que desencadeia alguma perplexidade.

Se as mulheres forem selectivas e constituirem uma prateleira confinada apenas aos homens que consideram "competentes", descartando aqueles que não cumprem os requisitos mínimos, é de esperar que os homens componham também a sua estante de modo igual, seleccionando as mais capazes em prejuízo daquelas que não se safam no labor.

Se mulheres e homens consagrarem a prateleira apenas aos indivíduos mais dotados e capazes, como poderão conquistar sorrisos e alimentar o elixir da vida, aqueles homens e mulheres cujos dotes de artista ficam aquém do sugerido?

Serão sempre descartados os incompetentes, e ainda que procurem eles próprios encher o frasco do graal do sexo com uma prateleira de recurso, não possuindo eles a competência necessária, jamais poderão encontrar alguém disponível para se deixar emprateleirar.

Ou seja, a teoria funciona bem em esquema, mas exige que todos sejam ases do sexo. O que não acontece. O que quer dizer que há mulheres (e homens) que, por muito que queiram deixar em casa os ataques de mau feitio ou o péssimo humor do último semestre, mesmo que o desejem, não vão conseguir. É o que conta a teoria, embora eu concorde em geral com a defesa que ela nos traz da boa disposição.