sexta-feira, 7 de março de 2008

Utopia


Gostava de ser, assim daquelas que estão sempre de sorriso na boca, que aceitam passivamente o bom e o mau, que gostam de praticamente toda a gente, porque toda a gente tem o seu lado bom e é tão querida!!! Não sou nada assim. Não sou, não sei se alguma vez serei. Vivo a vida com demasiada vida para conseguir passar por cima das coisas que não gosto. E não gosto de uma data delas. Ora, eu não gosto de gente bimba, por exemplo. Não gosto que chamem "menino/a" às crianças, não gosto de gente que fala um português assustador, não gosto de arrotos nem de puns. Não gosto de peixeiradas nem de gente que se gaba do que tem. Não gosto de telemóveis a tocar qdo se janta fora ou qdo se está no cinema. Chamem-me tia, chata, o que quiserem.Depois, tenho outros defeitos... Tenho a língua mais veloz que o pensamento e, normalmente, por ela sai o que penso. Aos 29 anos já deveria saber convictamente que o ser humano foi feito para ouvir o que quer e não o que o outro quer. Aliás, agora que penso nisso, lembro-me de ter aprendido esta lição cedinho... Mas fuck it, a liberdade é o meu maior bem e qdo a perder, tá tudo perdido.Depois gosto de pessoas inteligentes, o que também me trás dores de cabeça, pq quem tem alguns neurónios, por norma complica e, se eu já sou a miss complicada da minha rua, então se me junto a gente do meu gabarito, a coisa fica preta. Bom mesmo, é qdo conhecemos aquelas pessoas que usam os seus neurónios para algumas actividades com menor capacidade de envelhecimento da epiderme e passamos óptimas tardes a rir. Gostava então de aprender a direccionar os meus interesses e expectativas para coisas que me trouxessem mais sorrisos. De fazer desporto. A saúde exige e a minha vaidade grita. De saber estar sozinha, sem me incomodar.De não depender de sentimentos que são criados por mim, à minha medida.De dizer STOP qdo o meu sexto sentido me abana a cabeça e diz pára pára pára, sua monga!!!! Ou de saber dizer STOP mais cedo, sem ser eternamente masoquista.Gostava de ser como aquelas de quem falei lá em cima e não esmiuçar com tanta precisão os defeitos que descobri nos outros. Que quando um ser humano te dá o pior de si, é porque não mereceu nunca o melhor que deste. E o tempo passa e passo a remeter A ou B para aquele limbo de indiferença em que tanto me faz a pessoa estar bem ou mal, porque simplesmente deixou de existir no meu mundo.Era bom que não fosse assim e que a minha arca frigorifica não estivesse tão cheia de cadáveres... Não porque os cadáveres me incomodem, porque nem alma lhes dou, mas sim porque, para ter tido vontade de os congelar, tive que conhecer o seu lado pior.Num mundo perfeito e que não existe, o ser humano tem total incapacidade de magoar o outro. No meu mundo, só entra quem aceitar essa regra.


2008

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