quinta-feira, 13 de março de 2008

Hi5






Todos os dias me sobra um pouco de tempo para gastar a coscuvilhar os perfis de gente que nem sequer conheço, no site de relacionamentos "Hi5"... Com ele tenho uma relação de amor/ódio, já que me irrita profundamente assistir à decadência do verbo, do pensamento e da interacção verdadeira e crível, em prol da imagem mas, ao mesmo tempo, vai-me suscitando diáriamente a curiosidade de abrir outra e outra página, vêr algumas fotos na diagonal e lêr o que as pessoas têm a dizer, sobretudo acerca dos outros utilizadores.

Estava há uns minutos a vêr a página de uma das milhares de desconhecidas, uma tal de Ângela (no hi5 aparece com um nick-name de guerra), com quem tenho em comum um amigo que trabalha nas lides da televisão, quando me veio à cabeça a seguinte frase:
Everybody wants to be a role model or an opinion maker

... Talvez porque nos sintamos demasiado pequenos quando somos, ao mesmo tempo, actores e espectadores solitários da nossa vida...

... Talvez porque a Ângela não tenha nascido Maria Carlota, menina e moça da Lapa, pais celebérrimos nas suas profissões, dignos de capas de jornais e revistas cor-de rosa, habituada desde pequena a lidar com uma família imensa e jornalistas curiosos.

... E o Hi5 e todos os seus congéneres sejam a plataforma gratuita e pouco trabalhosa que permite à população ter o seu espaço, de livre acesso a milhares de outros anónimos, à distância de um clique. Uma fotografia mais ousada, uma pose mais provocante, um layout apelativo e uma rede de amigos constituídas por algumas centenas, senão milhares de outros anónimos e temos a possibilidade de, em menos de um ano, ter 50.000 visitas. Visitas a nós. Mesmo que sejam virtuais e não saibamos quem as fez, que não as sintamos, que nada nos acrescentem. O importante é que o nº cresça com o passar dos dias. Ou corre-se o risco de o falhanço da nossa vida real, passar para a virtual.



Fica-me a dúvida... Será isto um novo tipo de american dream, ou será um alimento para a alma? Será uma moda ou será que estamos, cada vez mais, desprovidos de conteúdos palpáveis?


Por favor alguém (n)os ajude.

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