terça-feira, 11 de março de 2008

Mr perfect life was not so perfect.

Ela sempre achara que ele tinha a vida perfeita. Mesmo que, quase tudo o que dela soubesse, fosse por suposição. É que não tinham amigos comuns, não tinham histórias comuns para além das que tinham construído um com o outro, não tinham partilhado brincadeiras de recreio ou corredores de trabalho.
A verdade, é que a única coisa que podiam chamar dos dois, era os seus corpos encontrarem-se algumas vezes por ano, em uns anos mais vezes que noutros.
Sexo, toques, saliva, não eram sinónimo de cumplicidades e intimidade, mas sim apenas de sexo, toques e saliva.

Só.

Uma noite passou a ser tudo diferente. Ele chamou-a porque a queria. Ela não o queria, mas foi ao seu encontro com intuito de colmatar outras ausências de recentes presenças.
Encontraram-se em frente a um hotel e foram para uma qualquer rua perto de uma praia, uma garrafa de vinho a pedido dela para facilitar o que daquele encontro viesse. Expectativas? Zero. Para quê mais?

O que aconteceu naquela noite?
Mais do que em todos os encontros passados. Ele estava irreconhecivel, perdido, uma criança a precisar de colo e falou, falou, contou-lhe coisas que ela não supunha existirem na vida perfeita que fantasiara.
Ela gostou de conhecer aquela versão que ele lhe apresentava e, mais uma vez, sentiu que a vida real é muito mais interessante que aquela que se inventa para os espectadores do dia-a-dia. Retribuiu, subtraindo um pouco de espaço ao fosso enorme que os separava e também falou de si. Mas pouco.

No fim de todas as horas, o cigarro que foi fumado não foi o do pós-coito, mas o de um novo pós, em que nunca mais voltaria a caber sexo, toques e saliva.

Obrigada.



Para N, de nim, porque não é nem nunca foi um não ou um sim na minha vida.
2008

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